A exposição, comissariada pelos críticos de arte de renome, Prof. Dr. José-Augusto França e Prof. Dr. Rui Mário Gonçalves, contará com cerca de 15 obras de pintura, e um vídeo sobre o artista, da autoria do seu filho, Diogo de Salles Costa. Uma parte considerável das obras expostas provêem da colecção particular da família do artista.

Por ocasião desta exposição será lançado um catálogo bilingue (PT-EN) com reproduções dos trabalhos expostos e dois textos críticos sobre a exposição, da autoria do Prof. Dr. José-Augusto França e do Prof. Dr. Rui Mário Gonçalves.

Vasco Costa (1917-1986) viveu nos Estados Unidos, na Inglaterra e em França, onde se instalou definitivamente em 1956, para três anos depois se dedicar inteiramente à pintura que José-Augusto França define como “informalista de tipo gestual, dentro de um expressionismo cuja violência se articula com um notável poder sensual”, criando um “espaço vivo e sensível” feito de fulgurações ou “aparições”, “que grandes movimentos contraditórios comandam”, movimentos de construção/destruição, em impulsos vitais de violência ou de amor, presidindo a formas orgânicas e movimentos pictóricos de dimensão quase táctil.

José-Augusto França acompanhou criticamente a obra deste pintor que considera único em Portugal, e sobre o qual se pronuncia no catálogo: ““pintor de Paris” sobretudo – nas suas grandes composições gestuais, sensuais e violentas, de ampla respiração, por dentro sentida, “numa categoria estilística pessoal, no quadro de uma pintura-pintura que na sua própria geração internacional foi gerada e ficou, inesperada notícia nacional que mereceu confronto com outras, de prática francesa, ou, sobretudo, americana.” Em suma “uma obra considerável, de importância histórica, como tal registada.” Por sua vez Rui Mário Gonçalves filia-a numa herança do impressionismo que promove a irradiação da luz e a libertação das cores “da linearidade dos contornos para melhor interagirem”, uma tendência contrariada pelo cubismo que receando a “deliquescência das formas impressionísticas recorre de novo aos poderes compositivos das linhas, prestando porém atenção ao jogo óptico vibrante dos segmentos de recta, quando estes se repetem em direcções paralelas, ou quando quase se fecham em figuras geométricas semi-regulares” com um ritmo próprio. Impressionismo e cubismo implicando para o mesmo crítico noções diversas de espaço, aberto e infinito no primeiro caso, fechado, no segundo.

As pinturas de Vasco Costa revelam uma filiação a estes dois movimentos emblemáticos da arte moderna. São paisagens interiores de grande vibração cromática, simultaneamente abertas e fechadas, conduzidas não pela linha mas por amplos movimentos sugeridos pelo “gesto da pincelada”, num ritmo orgânico” (RMG).

Trata-se de um grande pintor e de uma excepcional obra a descobrir como expressão plástica de grande rigor e sublime dramatismo lírico na criação poética de um espaço interior e cósmico em sintonia, capaz de abrir novos rumos à sensibilidade contemporânea.