Viver para criar

Quando Andrés Alcántara me pediu para fazer um texto para o catálogo desta exposição, fiquei entusiasmado por poder dar uma ideia do seu trabalho como escultor, mas ao mesmo tempo senti uma enorme responsabilidade e preocupação.

Entusiasmado porque posso transmitir o que sinto e o que conheço de todo um percurso que Andrés quer mostrar como escultor.

Preocupado porque é-me muito difícil transmitir a preocupação que ele sente na realização e na entrega de cada um dos trabalhos que nos apresenta.

Andrés Alcántara, é na minha já longa história como Galerista, o Escultor que mais sofre, para numa criação tradicional, ter sempre a grande preocupação de a traduzir numa obra de pura contemporaneidade.

O tempo nesta entrega é criar cada trabalho com um rigor e a perfeição única de cada escultura num mundo muito seu e extremamente perfeito, moldando sempre o seu sentimento numa criação e originalidade que o coloca na vanguarda dos maiores escultores da atualidade, nesta sua pesquisa.

O seu empenho, a sua exigência, a sua honestidade com que desempenha esta profissão, fazem dele o artista que molda um percurso único, pela sua grande pureza e verdade.

Longe das preocupações do marketing, que domina os nossos dias, Andrés Alcántara é sem dúvida um grande clássico na forma como nos quer presentear a sua criatividade, a sua forma de ser e de estar na Arte, nunca fugindo às regras do contemporâneo.

Usando quase sempre a pedra, ele lapida cada bloco com rigor, com paixão e com o amor que só um grande escultor pode sentir, viver e executar.

Andrés Alcántara é sem dúvida um divino e único criador na beleza de cada obra de arte que nos apresenta, sem dúvidas e sem preconceitos, porque definiu muito bem e seu caminho como Artista.

António Prates

Lisboa, 9 de maio de 2019

“Esfinge do Atlântico”